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O Desafio do Peixe na Mesa do Brasileiro: Entre o Potencial e a Realidade

Uma Riqueza Natural Subutilizada Carpa prateada capturada em açude de criadouro em Campo Bom, RS, indicando a origem da pesca em ambiente controlado e para consumo próprio. O Brasil, abençoado por uma vasta costa e uma rica biodiversidade aquática, possui um potencial gigantesco para se destacar como um dos maiores consumidores de pescado do mundo. No entanto, a realidade desenha um cenário contrastante: o consumo per capita de peixe no país persiste em níveis inferiores às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa discrepância, um verdadeiro paradoxo, é agravada pelo elevado custo do pescado, que restringe o acesso a este alimento essencial para uma parcela significativa da população brasileira. A presente análise busca aprofundar a compreensão dos fatores que perpetuam essa contradição, explorando as complexas interações entre economia, políticas públicas e hábitos alimentares, e propondo caminhos para democratizar o ace...

O Desafio do Peixe na Mesa do Brasileiro: Entre o Potencial e a Realidade

Uma Riqueza Natural Subutilizada

Carpa prateada pescada em açude de criadouro em Campo Bom, Rio Grande do Sul, para consumo próprio.
Carpa prateada capturada em açude de criadouro em Campo Bom, RS, indicando a origem da pesca em ambiente controlado e para consumo próprio.


O Brasil, abençoado por uma vasta costa e uma rica biodiversidade aquática, possui um potencial gigantesco para se destacar como um dos maiores consumidores de pescado do mundo. No entanto, a realidade desenha um cenário contrastante: o consumo per capita de peixe no país persiste em níveis inferiores às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa discrepância, um verdadeiro paradoxo, é agravada pelo elevado custo do pescado, que restringe o acesso a este alimento essencial para uma parcela significativa da população brasileira. A presente análise busca aprofundar a compreensão dos fatores que perpetuam essa contradição, explorando as complexas interações entre economia, políticas públicas e hábitos alimentares, e propondo caminhos para democratizar o acesso ao pescado e promover seus benefícios para a saúde e o bem-estar dos brasileiros.

Um País Rico em Recursos, Pobre em Consumo

Dados recentes da FAO revelam que o consumo médio de pescado no Brasil é de 10,6 kg por pessoa ao ano, enquanto a OMS recomenda um mínimo de 12 kg. Essa discrepância se deve a uma série de fatores, incluindo a figura do atravessador, que inflaciona os preços, e a falta de políticas públicas eficazes para promover a comercialização direta entre pescadores e consumidores. Além disso, vale ressaltar que o Brasil possui um mercado de exportação de peixes em crescimento, liderado pela tilápia, com demanda tanto de empresas brasileiras quanto estrangeiras.

Desafios e Soluções para um Consumo Mais Justo

Para reverter esse cenário, é preciso enfrentar os seguintes desafios:

Preço Elevado: A alta carga tributária e a influência dos atravessadores tornam o pescado inacessível para muitos. A solução passa pela redução de intermediários e pela implementação de políticas fiscais que incentivem a produção e o consumo.

Falta de Políticas Públicas: É necessário um papel mais ativo do governo na promoção da comercialização direta, oferecendo subsídios e incentivos fiscais aos pescadores.

Conscientização e Educação: Campanhas educativas sobre os benefícios do consumo de peixe, como a importância do ômega-3 para a saúde, são cruciais para mudar os hábitos alimentares da população.

Acesso e Distribuição: A criação de feiras populares e o fortalecimento de cooperativas de pescadores podem facilitar o acesso ao pescado a preços mais acessíveis.

Sustentabilidade: A pesca sustentável e a preservação dos recursos marinhos são essenciais para garantir a disponibilidade de pescado para as futuras gerações.

Tecnologia e Inovação: Investir em tecnologias que melhorem a eficiência da cadeia produtiva, como armazenamento refrigerado e métodos de pesca sustentável, pode reduzir os custos e aumentar a oferta.

O Papel do Ministério da Pesca e Aquicultura

O Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e na gestão do setor pesqueiro e aquícola no Brasil. Suas ações abrangem diversas áreas, visando promover a sustentabilidade, o crescimento econômico e o desenvolvimento social das comunidades pesqueiras. O MPA atua na elaboração de políticas públicas, no fomento e desenvolvimento do setor, na gestão e ordenamento dos recursos pesqueiros, no registro e monitoramento da atividade, no apoio à pesca artesanal e na promoção da sustentabilidade.

A Importância da Pesca Artesanal

A pesca artesanal, embora muitas vezes subestimada, desempenha um papel crucial no mercado interno brasileiro. Ela é responsável pelo abastecimento de comunidades costeiras e ribeirinhas, pela geração de renda para milhares de famílias, pela garantia da segurança alimentar e pela valorização da cultura local. Além disso, a pesca artesanal muitas vezes é praticada de forma mais sustentável do que a pesca industrial, contribuindo para a preservação dos recursos pesqueiros.

Além do Preço: Uma Questão Cultural e Política

A contradição entre a abundância de recursos naturais e o baixo consumo de pescado no Brasil reflete não apenas uma barreira econômica, mas também um desafio cultural e político. Para transformar essa realidade, é fundamental que governo, pescadores e sociedade unam esforços em prol de soluções que democratizem o acesso ao pescado e promovam sua inclusão como um item essencial na alimentação diária dos brasileiros.

Perspectivas para o Futuro

Apesar dos desafios, há sinais de mudança. O aumento da demanda por alimentos saudáveis e a crescente conscientização sobre os benefícios do consumo de peixe abrem novas oportunidades para o setor. Além disso, a aquicultura tem se mostrado uma alternativa promissora para aumentar a produção e reduzir os preços.

No entanto, é preciso um esforço conjunto para garantir que o pescado esteja presente na mesa de todos os brasileiros, independentemente de sua classe social. Investir em educação alimentar, feiras populares, políticas públicas de incentivo e inovação tecnológica é o caminho para garantir saúde, qualidade de vida e sustentabilidade para todos.

Portanto, a superação do desafio do baixo consumo de pescado no Brasil exige uma abordagem multifacetada, que transcenda a mera correção de distorções de mercado. É imperativo que o governo assuma um papel proativo na implementação de políticas públicas que incentivem a produção sustentável, reduzam os custos e facilitem o acesso ao pescado, especialmente para as camadas mais vulneráveis da população. Além disso, é crucial investir em campanhas de conscientização que destaquem os benefícios nutricionais do pescado e promovam mudanças nos hábitos alimentares. A colaboração entre os diversos atores da cadeia produtiva, incluindo pescadores, produtores, distribuidores e consumidores, é fundamental para construir um futuro em que o pescado seja um alimento acessível e presente na mesa de todos os brasileiros.

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Referências

1. FAO. Consumo de pescado no Brasil. Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, 2024.


2. OMS. Recomendações de consumo de pescado para uma dieta saudável. Organização Mundial da Saúde, 2023.


3. Consumo de pescado em SP é inferior ao recomendado; tilápia é favorita de paulistas – Jornal da USP. Disponível em: <https://jornal.usp.br>. Acesso em: 06 abr. 2025.


4. Consumo de peixe no Brasil chega a 10,5 kg por habitante; confira números por estado - Agrimídia. Disponível em: <https://agrimidia.com.br>. Acesso em: 06 abr. 2025.

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