Pular para o conteúdo principal

Postagem recente.

A Chama que Une Povos: Cordel, Sofistas e a Eterna Arte da Palavra.

Uma Jornada pela Retórica que Conecta Culturas e Saberes A xilogravura que representa Lampião e Maria Bonita. Créditos/Pinterest. Em tempos em que a informação viaja na velocidade da luz, há um risco de perdermos de vista as raízes da nossa comunicação. Mas, ao nos permitir um momento de pausa para escutar, percebemos que a arte da palavra, falada ou escrita, transcende eras, conectando culturas e transmitindo saberes. Este texto é um convite para embarcar em uma jornada fascinante que une a poesia popular do cordel brasileiro à eloquência dos sofistas gregos, celebrando o poder da palavra e da música como ferramentas de identidade e conexão. A Literatura de Cordel: Raízes Históricas e um Tesouro Brasileiro. A literatura de cordel tem suas origens na tradição dos trovadores medievais europeus, que narravam histórias em versos e as vendiam em feiras e mercados. Esse legado chegou ao Brasil através dos colonizadores portugueses no século XVI e se desenvolveu no Nordeste brasileiro a part...

A Chama que Une Povos: Cordel, Sofistas e a Eterna Arte da Palavra.

Uma Jornada pela Retórica que Conecta Culturas e Saberes


A foto mostra uma xilogravura que representa Lampião e Maria Bonita.
A xilogravura que representa Lampião e Maria Bonita. Créditos/Pinterest.


Em tempos em que a informação viaja na velocidade da luz, há um risco de perdermos de vista as raízes da nossa comunicação. Mas, ao nos permitir um momento de pausa para escutar, percebemos que a arte da palavra, falada ou escrita, transcende eras, conectando culturas e transmitindo saberes. Este texto é um convite para embarcar em uma jornada fascinante que une a poesia popular do cordel brasileiro à eloquência dos sofistas gregos, celebrando o poder da palavra e da música como ferramentas de identidade e conexão.


A Literatura de Cordel: Raízes Históricas e um Tesouro Brasileiro.

A literatura de cordel tem suas origens na tradição dos trovadores medievais europeus, que narravam histórias em versos e as vendiam em feiras e mercados. Esse legado chegou ao Brasil através dos colonizadores portugueses no século XVI e se desenvolveu no Nordeste brasileiro a partir do século XVIII. Influenciada pelas histórias de cavalaria e contos populares europeus, a prática ganhou características únicas, adaptando-se ao contexto cultural e social da região.

O nome “cordel” vem da maneira como os folhetos eram expostos para venda em Portugal: pendurados em cordas ou barbantes. No Brasil, essa tradição se manteve, e o cordel passou a ocupar um papel essencial na cultura popular, sendo muito mais do que simples folhetos. Com seus versos rimados, repletos de métrica e ritmo, e suas xilogravuras marcantes, o cordel se tornou uma expressão artística que perpetua histórias, lendas e tradições, refletindo a alma e o cotidiano do povo brasileiro.

A história do cordel no Brasil também é marcada por nomes notáveis que ajudaram a moldar essa tradição. Leandro Gomes de Barros, pioneiro do gênero, destacou-se no final do século XIX, tornando-se um dos primeiros a profissionalizar a produção de cordeis. Já no século XX, Patativa do Assaré usou o cordel como um instrumento de crítica social, trazendo a voz do povo nordestino para o centro do debate cultural. João Martins de Athayde, por sua vez, perpetuou lendas e narrativas populares, consolidando o cordel como um veículo de memória coletiva.

Cordelistas e Sofistas: Pontes entre Tradições.

Os cordelistas brasileiros, com sua habilidade em narrar e envolver o público, evocam ecos dos sofistas da Grécia Antiga. Ambos os grupos, em contextos tão distintos, compartilham um talento extraordinário para a comunicação e a persuasão, utilizando a palavra como instrumento de transformação e conexão.

Pontos de Conexão:

● Comunicação e persuasão: sofistas e cordelistas dominam a arte de cativar suas audiências, seja por meio de discursos retóricos ou de versos poéticos.

● Adaptação ao público: os sofistas moldavam seus ensinamentos consoante as necessidades de seus ouvintes, assim como os cordelistas utilizam uma linguagem acessível e temas relevantes para suas comunidades.

●Transmissão de conhecimento: ambos atuam como transmissores de saberes: os sofistas ensinavam política e filosofia, enquanto os cordelistas perpetuam lendas, costumes e críticas sociais.

As Diferenças:

As diferenças também são marcantes:

● Os sofistas viviam num contexto de intenso debate filosófico e político na Grécia Antiga, enquanto os cordelistas pertenciam a um cenário de cultura popular no Brasil.

● Sofistas eram frequentemente criticados por priorizarem a persuasão sobre a verdade, enquanto os cordelistas buscam transmitir valores e criticar injustiças sociais.

● Os sofistas eram mestres pagos por seus ensinamentos, enquanto os cordelistas vendiam suas obras em mercados e feiras populares, mantendo viva a tradição oral.


O Poder da Fala: Uma Chama que Transcende Fronteiras.

A fala é a chama que ilumina os caminhos do saber e constroi pontes entre culturas. Dos sofistas aos cordelistas, passando pelos griôs africanos e os bardos celtas, a palavra continua a ser uma ferramenta poderosa para preservar identidades, conectar comunidades e moldar o futuro.


A Voz que Une a Humanidade (Poesia de Cordel)

No palco do mundo inteiro,
A voz humana ecoou.
Cruzando mares e rios.

Onde a cultura brotou.
A fala, dom milenar!
A história se eternizou.

Dos gregos, sábios sofistas!
Ao cordel do meu sertão,
A palavra é ferramenta.

De força e transformação.
Unindo povos diversos,
Em fraterna comunhão.

Na África, o griô conta,
Lendas de antiga raiz.
Na Ásia, o monge recita.

A sabedoria que diz.
A voz, em cada idioma.
Um elo feliz produz.

Na América, o indígena canta.
A terra, mãe natural!
Na Europa, o poeta declama.

Um sonho universal.
A fala, em cada sotaque!
Um canto fenomenal.

A voz que une a humanidade.
Não conhece fronteiras, não!
É ponte que liga almas.

Em sábia conversação.
A fala, em cada cultura!
É eterna canção.


Que a voz humana ressoe!
Em paz e harmonia sem fim.
Que a fala seja a chama.

Que acenda o amor, enfim.
A voz, em cada pessoa.
Um mundo a construir, sim!

A Música como Linguagem Universal.

Além da fala, a música é uma linguagem universal que transcende barreiras linguísticas e culturais. Ela carrega emoções, reforça laços e une povos em celebrações globais. De hinos nacionais a ritmos folclóricos, a música é um elo atemporal entre o passado, o presente e o futuro, conectando culturas e preservando identidades.


Sendo assim, em um mundo cada vez mais interconectado, a palavra e a música se tornam ferramentas cruciais para construir um futuro de harmonia e respeito mútuo. Valorizar essas formas de expressão é essencial para preservar culturas, perpetuar tradições e celebrar a diversidade humana. Que a chama da comunicação continue a iluminar nossos caminhos, unindo povos e guiando-nos em direção a um mundo mais justo e solidário.


Chamada para ação:

Compartilhe este artigo para difundir a importância da literatura de cordel, da arte da fala e da música como patrimônios imateriais da humanidade. Deixe um comentário sobre suas experiências com essas formas de expressão cultural!

_____________________

Fontes bibliográficas:

Literatura de Cordel: Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro (https://www.gov.br/iphan/pt-br/assuntos/noticias/2018/literatura-de-cordel-e-reconhecida-como-patrimonio-cultural-do-brasil)

A arte da palavra: a Literatura (https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/a-arte-palavra-literatura.htm)

Arte da Palavra - Rede Sesc de Leituras (https://www.sesc.com.br/category/cultura/literatura/arte-da-palavra/)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A família Barros no Brasil e no mundo.

O apelo é desafiador. Família Barros. Após diversos apelos de familiares, amigos e descendentes da Família Barros, solicitamos realizar uma pesquisa e elaboração de um artigo sobre nossas origens. Agora tomei coragem e assumi esta responsabilidade de efetuar este trabalho. Uma tarefa desafiadora, mas, ao mesmo tempo, muito interessante para conhecermos nossas raízes. Em psicologia, é possível compreender a inquietude provocada pela busca do homem por sua identidade familiar. A curiosidade de saber onde estamos, de onde viemos e de onde as nossas origens foram originadas é dever do ser humano. É uma tarefa difícil, mas, gradualmente, vou construindo essa trajetória histórica. Informo que este é um trabalho de análise histórica genérica e não uma genealogia de uma família específica.  Dessa forma, considero este trabalho como um esforço inicial, dada a magnitude desta família, que está dispersa pelo Brasil e pelo mundo.  No entanto, acredito que ele pode ser aprimorado com a aju...

O abc da mãe, para expressar, as suas qualidades.

As mães possuem suas qualidades no abc da vida.   A imagem diz o  abc da mãe  As mães, quantas qualidades elas possuem, desenvolvem e as colocam em prática, diariamente, vinte e quatro horas; durante uma vida inteira em prol dos seus filhos. Entretanto, dificilmente os filhos percebem e reconhecem esta árdua luta das mães e são gratos a elas. Observem neste singelo texto, quanto as progenitoras fazem para seus filhos.   Estes dons surgem desde quando ela engravida pela primeira vez dando à luz seus filhos (as). Elas no cotidiano colocam em prática através de sua consciência maternal todas suas qualidades de mães para a proteção, provisão e educação dos filhos. O mais estranho e ingrato é que poucos filhos reconhecem a importância da sua mãe enquanto estão juntos. Muitos somente irão reconhecer e lamentar a sua real importância quando elas morrem. Os filhos deveriam observar e valorizar as qualidades da mãe.   Neste simples abc da mãe, todos os filh...

Candeeiro ou lamparina antiga, mas muito usado no Brasil.

O candeeiro fez parte da vida do povo nos tempos remotos e na atualidade.   Sem luz se usa o candeeiro. Candeeiro é a lamparina, artefato antiquíssimo, composta por duas partes simples. A sua base é feita de lata comum. Pode-se observar que é um desenho simplório, num formato de uma pirâmide. No topo desta pirâmide usa-se pavio de fabricado de algodão. Ele é umedecido com querosene, que é colocado na parte de baixo, como podemos observar tem uma forma redonda, mas como base piramidal.