Conheça a história dos sapateiros e o sapato de Campo Bom.
Monumento ao sapateiro em Campo Bom-RS. |
Essa grandiosa história é antiga
e em seu processo de expansão ocorreram os seus momentos de glórias, apogeu e
declínio. A crise que se abateu sobre esse setor que predomina até a
atualidade, mas infelizmente não houve superação e certamente é uma realidade
longínqua para acontecer.
A histórica luta dos sapateiros é uma saga erguida através desses heróis trabalhadores especializados nesse setor importante para todos. Foram esses trabalhadores, os pioneiros e os responsáveis no aperfeiçoamento do futuro brilhante da região.
Todos esses profissionais, que
trouxeram a pujança até agora, merecem ser sempre lembrados e homenageados em
todas as suas cidades de origem.
Essa história é repleta de muitos
fatores que marcaram o desenvolvimento econômico da região do Vale dos Sinos,
mas atualmente se percebe o declínio da indústria do calçado e o futuro não
promissor dos profissionais dessa fábrica que era pujante.
Os Irmãos Vetter, foram os primeiros a iniciar a
produção do calçado em Campo Bom.
Fachada preservada da primeira fábrica de sapatos em Campo Bom-RS. |
Os primórdios sapateiros
iniciaram essa aventura, na área do calçado, a qual fez crescer a economia da
região, do país e do mundo. Tudo iniciou a partir do fim da década de 1800,
através dos primeiros imigrantes alemães vindos para o Brasil. Nessa época os
imigrantes já estavam instalados em definitivo na vila Campo Bom que pertencia
a São Leopoldo e somente em 31 de janeiro de 1959 ocorreu a emancipação
política e foi criado o município de Campo Bom no Estado do Rio Grande do Sul.
A indústria do calçado no Vale
dos Sinos, área abrangida pela antiga colônia de São Leopoldo. Nesse período se
compreendia as localidades de Novo Hamburgo, Campo Bom, Dois Irmãos e as demais
pertencentes a essa colônia, que recebeu e distribuiu os primeiros imigrantes
vindos da Alemanha para o Vale do Rio dos Sinos. Em todas as localidades alguém
iniciou essa atividade promissora. Em Novo Hamburgo, Pedro Adams Filho, e Campo
Bom Jacob Vetter e nas demais cidades tem os seus pioneiros nessa próspera
atividade do sapato, que impulsionou durante muitos anos o desenvolvimento
econômico do Vale dos Sinos.
A primeira fábrica de calçado no Município, nasceu
em 1890.
Na Cidade de Campo Bom a primeira
fábrica foi instalada em 1890, por meio da iniciativa de Jacob Vetter, o
patriarca da família Vetter. Ele iniciou uma pequena fabricação de calçados
(chinelos, tamancos, cintos e artefatos de couro) na antiga vila de Campo Bom.
Segundo os historiadores, era localizada no atual Bairro Rio Branco.
Para darem continuidade ao sonho
pioneiro do pai, os seus filhos Emílio e Gustavo Vetter, no ano de 1904,
criaram a empresa Vetter S/A Indústria e Comércio, nas proximidades da estação
do trem. Essa adjacência da estação férrea, foi estratégica para facilitar o
escoamento da produção para o interior do Estado e para o centro do país.
Em função da grande produção de
calçados, os proprietários e irmãos Vetter inauguraram a fábrica no ano de
1918. A partir de então, começaram a impulsionar de maneira evidente o
desenvolvimento econômico forte, ainda da vila Campo Bom.
Os sapateiros tinham a fábrica como referência para o sustento das suas famílias.
A Fábrica era a principal
referência para muitos sapateiros campo-bonitenses e da região e através das
suas longas jornadas de trabalhos obtinham o sustento da família. Assim também,
a continuidade do progresso do município e da região de Porto Alegre-RS que ao
longo do tempo era conhecida como o vale do sapateiro ou do sapato.
Inclusive muitos trabalhadores
sapateiros nos tempos áureos, conseguiram, construíram as suas riquezas
particulares. Tudo fruto do seu trabalho honesto, permanente e consequentemente,
a região se desenvolveu em ritmo acelerado até entrar a crise da indústria do
sapato. Essa crise, levou a falência das grandes empresas e a miséria de muitos
pais de famílias até os dias atuais.
O declínio do calçado no Vale, iniciou na década
de 1990.
O monumento da bicicleta o meio de transporte do sapateiro. |
Após o grande apogeu chegou o
declínio na produção e exportação do calçado na Região do Vale dos Sinos. Os
empresários e os trabalhadores na indústria calçadista mergulharam numa
depressão econômica, a partir da década de 90 até os dias atuais. Hoje a região
amarga o alto índice de falências e desempregados dos bravos sapateiros. Muitos
trabalhadores dessa área foram obrigados a migrar para outros setores, no
processo de diversificação da indústria, metal, mecânica, têxtil, hoteleiras e
outras que foram surgindo na região do Vale do Rio dos Sinos. As principais
cidades do Vale perderam as maiores e tradicionais indústrias calçadistas. A
invasão chinesa dos calçados de péssima qualidade e os preços inferiores foram
a principal razão para o fim da produção volumosa do calçado brasileiro.
Para preservar a memória do sapato foram construídos monumentos, praças, feiras e não mais indústrias.
A chaminé/atual mirante da antiga fábrica de sapato de Campo Bom-RS, Brasil |
O que restam nas cidades
produtoras são poucas indústrias de grande porte e pequenas fabriquetas de
fundos dos quintais? Isso para não sepultarem em
definitivo a produção do sapato no Vale do Rio dos Sinos. Os empregos nesse
setor calçadista são raros na região. Quando alguém consegue alguma vaga, os
empregadores pagam aos sapateiros, uma remuneração pífia. Todavia, exigem produção
exorbitante, além das forças de trabalho dos sapateiros. Aquelas cidades que
antes eram referências na confecção do sapato, apenas têm monumentos para dizer
para as gerações futuras que aquela cidade um dia foi pioneira na produção do
calçado.
Novo Hamburgo que gozava com a
declaração da Capital Nacional do Calçado resta o Pórtico com esse título e a
FENAC (Centro de Eventos
e Negócios) símbolo do apogeu da fabricação do sapato ambiente de
exposições e vendas. Lá se realizavam as colossais feiras de calçados onde
participavam, os fabricantes, lojistas e público em geral. Todos os expositores
apresentavam as suas novidades, os grandes produtores regionais, nacionais e
internacionais. Atualmente se realizam feiras com outras modalidades e algumas
exposições dos fabricantes que ainda resistem à crise econômica brasileira e
calçadista.
A Cidade de Campo Bom, começou a
realizar de
dois em dois anos, a festa do sapato.
Tudo é organizado no espaço do Largo
Irmãos Vetter. Tudo é organizado com os lojistas locais, regionais e de Franca,
Município de São Paulo.
Atualmente continua com uma
produção pujante do calçado. Tudo para preservar a memória de que durante
longas décadas, o município era pioneiro na fabricação dos melhores calçados do
país e do mundo.
Placa em homenagem aos sapateiros. |
A cidade de Campo Bom é um
exemplo dessa realidade, onde os sapateiros vivem de memórias. A prefeitura
construiu uma ampla praça no local da primeira fábrica do sapato, a conhecida
Vetter e atualmente é o largo, irmãos Vetter.
Essa praça é uma espécie de
memória ao sapato e aos sapateiros. Preservaram a fachada, a chaminé (hoje é o
mirante com 40 metros de altura) que sobe até o topo tem uma visão panorâmica
da cidade, a
bicicleta que era o meio de transporte dos sapateiros e o monumento ao
sapateiro. Além disso, foi construído um anfiteatro para as apresentações
culturais da Cidade e outros símbolos referentes ao sapato. O largo Irmãos
Vetter é um dos principais pontos turísticos de Campo Bom e região.
O profissional do sapato até ganhou um monumento especial dedicado a todos os sapateiros de Campo Bom e do vale dos sinos. Aqueles que construíram as riquezas do Estado e dessa região acolheram os imigrantes de todos os recantos deste Estado, país e mundo. Hoje esses nobres trabalhadores, para sobreviverem e proverem suas famílias, foram obrigados a mudarem de profissão.
Bom Domingo
ResponderExcluirUma interessante e excelente publicação .Ao ler foi como se estivesse vivendo no local .
Gostei demais .
Abraço amigo
O Vale do Rio dos Sinos faz parte da região metropolitana de Porto Alegre. Era uma vez conhecido como o Vale do Sapato. A atualmente ainda existem algumas indústrias de grande porte, mas a produção calçadista em grande escala terminou. O que existe de fato é o desemprego e pequenas fabriquetas espalhadas em toda a região que compreende mais de 1 milhão de habitantes trabalhando em outros setores. Os municípios vivem de lembranças como monumentos, praças e museus. A importação chinesa quase exterminou com a produção do calçado nacional. Eu morei no Vale durante a época de ouro do calçado E realmente era uma localidade rica e próspera. Hoje a população vive de sonhos!
ExcluirOlá, boa tarde! Gostei muito da história, me deu até vontade de conhecer a cidade.
ResponderExcluirA tempos que tento contato com fábricas de sapatos da cidade mas não consigo achar muita coisa, se puder me passar eu agradeço! Meu WhatsApp (65)99339-9992. Muito obrigada!
Boa noite Flávia!
ExcluirQuero agradecer a sua visita ao nosso site/blog e principalmente ter gostado da matéria. Voltar sempre é um privilégio tê-la como leitora do blog analiseagora.com. Volte sempre. Vou te passar o link do site da principal fábrica de calçados da cidade e lá terás os principais telefones e outras formas de contatos. https://www.arezzo.com.br. É uma das únicas de grande porte que restou da saga do sapato no Vale dos Sinos. Arezzo (51) 2129-5000
Forte abraço!