A deficiência física humana, é um sofrimento contínuo.
Na deficiência física, é necessário reaprender permanente.
A deficiência física é um dos sofrimentos que bloqueiam a vida de qualquer ser humano. Através de vários motivos, uma pessoa passa da condição de independente, para a situação de dependente, posição complexa; para realizar as tarefas rotineiras das quais amam fazer. Contudo, agora não possui mais habilidades para fazer o que deseja e gosta; esta realidade passará a ser árdua. A partir do instante que passa a depender dos outros para fazer quase tudo para viver gera dores inexplicáveis no coração.
Quem nunca viveu uma situação de tamanha envergadura, nunca saberá avaliar a intensidade das dificuldades que passam as pessoas dependentes para fazerem as atividades mais simplórias que necessitam para viverem normalmente.
Reaprender a viver é um aprendizado permanente, até conseguir a sua
independência absoluta é uma tarefa diária e dolorida. No entanto, todos são
guerreiros e defensores da vida e assim, a luta a caminho da libertação será
árdua. Se conseguir a vitória será grandiosa.
Ser dependente físico rapidamente é muito difícil.
A dependência
no sentido físico é muito embaraçosa para todos que necessitam dos outros
para executar tarefas simples do cotidiano. Afazeres que antes se faziam com
mais tranquilidade, agilidade e segurança. Atualmente tudo é complicado para
muitas pessoas realizarem o que estavam acostumadas a praticar, antes de um
determinado evento que transformou a vida por completo. Algo simples e
costumeiro passa a ser uma barreira quase intransponível. A impressão que
permanece é que tudo se transformou em uma situação impossível de concretizar
qualquer ação e brota a imagem do irreversível. Principalmente para conseguir
fazer os trabalhos mais simples que antes se executavam em perfeita habilidade.
Isto é muito deprimente você depender de alguém para trocar uma lâmpada, uma
torneira, lavar uma louça, fazer as refeições, apertar um parafuso de qualquer
coisa que exija habilidade, fechar ou abrir um simples pacote de qualquer
objeto. Para muitas
pessoas que sofrem com quaisquer tipos de deficiências físicas, provindas
de circunstâncias incomuns que obrigaram a criarem limites para a vida,
necessariamente precisam aceitar esta condição para em seguida reaprender uma
nova tática de sobrevivência.
Todas têm seu limite e se cansam do familiar
com deficiência física, simples ou complexa.
As pessoas que ajudam no início
do problema colaboram com bom gosto, mas com o passar do tempo vem o cansaço.
Porquanto, no decorrer do tempo começam a saturar desta situação e aos poucos
se inicia lentamente um processo de afastamento. É natural que isto aconteça,
pois, ninguém tem a obrigação de fazer nada forçadamente. Esta dura realidade
ocorre principalmente no meio familiar, muitos chegam a se revoltar e ser
indiferentes à situação. Há casos que ocorrem até separações entre casais,
porque quem está no estado de deficiência físico não serve mais. Isto sim,
configura uma incomensurável desumanidade.
A todos que sofrem
de uma deficiência física ou psicológica de qualquer espécie, o correto a
ser feito, é iniciar um processo de reaprendizagem em tudo para não permanecer
na sujeição absoluta dos outros. Assim, poderá criar um sentido para a vida e
superar aos poucos os obstáculos uma ação a cada vez, num tempo próprio.
Todos têm uma história de dor e muitos não
entendem.
Tenho vivido esta realidade desde
um evento que quase me vitimou. Esta situação
de deficiência física vem aumentando a cada ano. Tudo o que realizava
antes, na mais serena agilidade, hoje consigo fazer algumas coisas
fundamentais, um avanço. No entanto, outras precisam sempre depender de outros
e geralmente se paga um preço alto. São situações constrangedoras, deprimentes
e às vezes revoltantes. Todavia, ao mesmo tempo, sou grato por estar vivo, até
para pensar e reaprender a até digitar um mero texto. É complicado ter que
aceitar esta condição de deficiência física, algumas geram a total dependência
humana, é um grande sofrimento. Muitas pessoas não entendem o porquê de tudo
isto é incompreensível e às vezes sinto que não sirvo mais para nada. Não adianta
lamentar a minha dor, ninguém a entende, é melhor permanecer no silêncio e
tocar a vida para frente sem amargura e todos os dias reaprender a superar uma
dificuldade, ainda que seja menor, mas é uma vitória grandiosa.
Já passei por alguns momentos de dor e
preconceito.
Além de tudo estes sofrimentos
enfrentam outros tipos de dores. A dor do preconceito
para com os portadores de deficiência física é velado na sociedade, uma ação
muito dolorida. Hoje regredimos ao tempo do obscurantismo; onde predomina uma
sociedade selvagem com traços de civilidade e humanidade. Contudo, sobressaem
os resquícios da barbárie danosa que machucam as pessoas, sem que elas tenham
culpa das coisas. Há pessoas neste mundo que sempre pensam que são imunes a
qualquer infortúnio existencial e fazem brincadeiras de medíocre, de péssimo gosto
e mal-intencionado, no propósito de ofender; sem ao menos conhecerem a história
e o sofrimento alheio.
Respeitem todos que apresentam qualquer grau de deficiência.
Portanto, respeitem as pessoas
que sofrem por algum tipo de deficiência física e principalmente as suas dores.
Nunca colabore para aumentar as dores de quem sofre diariamente diante de algum
tipo de deficiência física e são dependentes involuntariamente. Ajude se
quiser ajudar, mas de bom coração, se não desejar socorrer num episódio na rua
ou outro lugar, não intervenha, mas, por favor, respeite o sentimento das
pessoas que sofrem por algum motivo de deficiência física e sua dependência
humana de outrem. Lembrem-se ninguém pediu e nem quer ser deficiente e
dependente nesta vida. Principalmente nesta sociedade atual, onde predomina o
egoísmo e endossado de árdua crueldade.
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