O temporal revelou a dependência do homem em relação à energia elétrica.
A foto mostra o forte temporal se aproximando da cidade.
O episódio do temporal vem
ilustrar essa total dependência do homem contemporâneo em relação à energiaelétrica. O fato aconteceu em, 23/10/2013, assim como, desabou um fortíssimo
temporal sobre a Região Metropolitana de Porto Alegre, RS.
Milhares de moradores permaneceram sem luz elétrica por muitas horas e ainda há muita gente sem energia elétrica em suas casas. Nesta hora é que nos damos conta quanto é valiosa a energia elétrica em nossas residências. Pode ser o melhor equipamento eletrônico de lançamento de última geração sem energia, não vale nada.
Sem energia para de funcionar tudo e parece que ficamos atônitos totalmente e sem saber o que fazer. É uma dependência irrestrita da sociedade contemporânea para com a energia. O mundo pararia de funcionar se um dia se esgotar todas as fontes e possibilidades de produção de energia, seria o caos por completo.
Como em todas as situações existem seus dois lados, neste caso foi trágico para muitos que tiveram grandes prejuízos materiais e diversos outros transtornos durante esta ocorrência de enormes volumes de chuva acima do normal. Contudo, para outros restou a grande espera para a volta da luz, um tempo ideal para o reencontro familiar.
Certamente diante desta situação deve ter havido momentos de reencontros admiráveis e inesquecíveis em muitos lares. Mais aconchego familiar, mesmo diante de tudo parado a única coisa a fazer é esperar a volta da luz. Um período singular para todos pensarem nesta situação factual e, ao mesmo tempo, saber quanto à energia faz mover o mundo. Um tempo especial até para confraternizar e confabular sobre como vivemos hoje e como vivíamos algumas décadas atrás.
Os momentos de nostalgia entre famílias, só
ao faltar luz.
Desde a pré-história, o homem
sempre lutou para ter a posse do fogo para o aquecimento e preparar suas
refeições. As tribos que mantinham o domínio sobre as outras eram exatamente
aquelas que predominavam no controle do fogo.
O fogo é energia e energia e significa poder sobre quem não tem. Contudo, essa relação de energia e poder continuam muitíssimo intensos atualmente. Uma nação que tem o domínio da energia de qualquer espécie consegue ter a dominação sobre a outra.
Atualmente estamos muito
acostumados no conforto e na dependência absoluta da energia elétrica em nossas
residências para tudo e nem notamos esta situação de dependentes durante o
nosso cotidiano. Simplesmente só percebemos sua grande importância no momento
que há falta de luz.
No entanto, o condicionamento é
tão assombroso que mesmo sabendo que faltou luz, automaticamente vamos aos
interruptores ligar e sentimos realmente sua falta. Nesta noite somente
permaneceu a luz da lua cheia, mas em função da violência todos permaneceram
trancados em suas casas esperando a eletricidade voltar.
Aqui ocorreu aquele momento de nostalgia.
Antigamente as noites de lua cheia eram diveritidas. |
Sem luz elétrica a única
alternativa foi a família se reunir para conversar. Imediatamente iniciaram as
conversas sobre a luz de vela regada a um amargo e legítimo chimarrão gaúcho.
Onde eu estava reunido com outras famílias; os componentes de faixa etária
diversas! Ouvi muitos relatos como era difícil viver no Brasil principalmente
no interior onde não havia energia elétrica. Relatos emocionantes dos
familiares que viveram uma vida pacata no interior sendo iluminada por luz de
vela ou candeeiro: contendo querosene e um pavio feito de algodão que
umedecido, permanecia aceso a noite inteira; ou até que determinasse o momento
de soprar a chama e apagar. Alguns relataram que estudavam à noite sobre estes
artifícios de iluminação para fazer os exercícios, pesquisar nos livros e ler
por muitas horas o seu livro preferido.
Lá fora só a luz da lua cheia,
ela brilhava a noite escura, mas era impossível sair para apreciá-la em razão
do vento gelado que soprava do Sul para o Norte, em razão da frente fria
passageira de verão.
Os idosos começaram a dizer como eram seus
brinquedos.
Nesta época a única forma de
entretenimento à noite eram os livros. Porque se não havia luz não havia
praticamente nada, só escuridão e os coaxar dos sapos e cantos dos grilos e
suas pequeninas luzes riscando o breu da noite, como se fossem estrelas
cadentes passando e iluminando o escuro do universo. Quando era noite de luar o
interior era mais divertido e romântico, muitos saiam visitar os amigos e os
enamorados passar horas e horas
namorando sem pressa para ir dormir. Os meninos faziam suas brincadeiras de
pega-pega e esconde-esconde sem medo de serem felizes.
Muitos sentiram saudade desta
época, uma época serena sem o estresse dos eletrônicos e o melhor sem
violência. A neurose pela segurança de hoje não existia. Muitos relataram que
no interior era tão calmo que muitas vezes dormiam de portas abertas. O
despertador das cinco horas da manhã era o velho e pontual galo que acordava a
todos com seu famoso e estridente cocoricó!
Os jovens amaram os relatos dos pais.
O pião de madeira o brinquedo de antigamente. |
Os jovens não se cansaram de
ouvir lindas e saudosistas histórias. Quando começaram a falar sobre os tipos
de brincadeiras aí sim! Notaram-se quantas diferenças de geração para geração.
O diálogo ficou muito mais interessante. Antigamente a meninada construía seus
próprios brinquedos não compravam nada; cada um fazia o gostavam e iam
estimulando a uma concorrência sadia, para mostrar quem fabricava o melhor
brinquedo.
Nesta época os brinquedos eram
feitos usando a criatividade por isso eram valiosos e duradouros. Os brinquedos
mais comentados foram o pião, carrinhos de rolimãs, carro de lata de azeite
comestível e bolas de gude. Entre as mulheres se falava das bonecas de pano. Os
brinquedos de antigamente eram bem diferentes de agora. Os de hoje são sem
muita graça e descartáveis no primeiro dia de uso.
A volta da energia elétrica dispersou a reunião familiar.
Enquanto a conversa rolava solta
repleta de nostalgia, de repente um clarão e logo em seguida um estridente
grito em forma de coral chegou à luz. A conversa foi interrompida bruscamente.
Imediatamente cada um foi para seu lugar agarrado aos seus aparelhos para se
conectar à “internet”. No alvoroço de saber das últimas notícias do temporal e
a voltar a conversar com os amigos virtuais desconhecidos. Como se tivéssemos
voltado de um passeio ao passado e aterrissado para a realidade do agora é
embarcar na frieza da individualidade moderna? Aquele encontro caloroso e
familiar foi dissipado instantaneamente na velocidade da luz.
A reunião e conversa familiar, ficou agendada na próxima falta de luz.
A foto mostra que a luz voltou, mas a reunião familiar terminou! |
Portanto, não esqueçam o novo
encontro familiar para uma conversa descontraída e aconchegante, estará
agendado para a próxima falta de luz. A partir de agora todos seguirão seu
caminho, sua rotina. Morando no mesmo teto, falando quando pode o estritamente
necessário; para não se desgrudar das novidades e dos amigos das redes sociais.
A força da natureza, por mais violenta que seja, causa muitos danos para muita gente. Entretanto, pela ironia circunstancial, fez aproximar os mais próximos, que habitam no mesmo lar, e estão se distanciando a cada segundo através da força das redes sociais; que destroem as relações familiares preciosas e os fazem estranhos.
Somente a natureza com sua força incomensurável para derrubar a rede elétrica, deixar todos na escuridão e sobretudo, com seu poder da calmaria fez arrancar as pessoas dos seus aplicativos moveis e de banda larga para terminar com a fineza e o distanciamento familiar e aproximar os mais próximos dos distantes e assim, todos puderam dialogar como todas as familiais deveriam fazer. Até nos relacionamentos a natureza é capaz de transformar de um ambiente hostil para mais agradável e amoroso possível.
Até o próximo evento natural para arrancar a energia elétrica e aproximar os mais próximos quem vivem num grande distanciamento assombroso e perigoso nesta era digital.